(Pedro Paulo Marra)
(Foto: www.ultradownloads.com.br)
Todo dia, na avenida principal.
Os mesmos olhares se rendem ao cansaço.
Olham para uma rotina anual.
Sina entre o olhar e o nada, um bom laço.
Carros, são como glóbulos vermelhos.
E as motos, glóbulos brancos.
Pessoas se tornam as veias desse instante.
Olhares esses, do povo dentro do ônibus, desde idoso à gestante.
Chegar até o lar, um sonífero natural.
Pensar em nada é tão bom,
para quem labutou horas num escritório ou num trabalho braçal.
Buzinas e barulho de motor, esse é o som.
Alguns cochilam.
Outros, tentam.
O bom mesmo é passar a mão nesse vidro embaçado.
Olhar lá fora e constatar nada de inusitado.
Tédio?
Não é tédio.
Essa é a sensação de voltar para casa.
Como um vaso quebrado, mas com planta.
Headphones.
Livros.
Passageiros "zapiando" com amigos.
E o ônibus e as paradas cheias, de mulheres e homens.
Aos poucos a avenida vai chegando ao fim.
Vão puxando as cordinhas.
Todos no tédio? Quase. Todos exaustos? Claro que sim.
E a rotina de amanhã? Igualzinha.
Não há polícia ou acidente que mude.
Não há ambulância ou ônibus quebrado que mude.
Mas esse friozinho dentro do ônibus de volta pra casa...
Não há nada que mude, nem aqui fora nem lá em casa.
Só nesse vidro embaçado que desenho bolinha de gude.
Produção: 3 de Fevereiro de 2016.
Comentários
Postar um comentário