Assassina de notívagos

(Pedro Paulo Marra)

(Foto: divulgação)

Ela guardou a chuva.
Só para ela.
Molhou seus passos de Cinderela.
Lisa como papel, é ela, Lunna.

Caminha nesse feriado de chuva.
Permeada por galhos secos.
Num clarão, com seu aroma de uva.
És moça de desejos.

De deixar amores pelos cantos do mundo.
Por si só já é uma bela vista.
Aaaah! Essa magrela, é como a dama do vagabundo.

Te deixa louco, pior, um vagabundo sujismundo.
A ponto de querer entrar em sua tempestade.
Seguir seu reflexo, querer amá-la de verdade!
Mal sabem esses tolos que Lunna é assassina de vagabundos.

Seu guarda-chuva não é vermelho à toa.
Ali, ela pinta com o sangue de quem diz amá-la.
Lunna não dedica seu amor a qualquer pessoa.
Ela ama quem perto dela se cala.

Como em O diabo veste prada, Lunna segue sua caminhada.
Terrível com os bons e ótima com os neutros.
Teve infância sofrida na fábrica de seu pai,
metalúrgico alcoólatra, gastador de euros.
A punição mais severa era estar perto de ser enforcada.

Vive sozinha, vagando pela Europa.
Já foi de Lisboa à Moscou.
Hoje, não vê mais graça matar à toa.
Se vê desarmada de seu passado que a depreciou.

Virou uma andarilha.
Fora das capas de jornais.
O maior crime agora é cair em sua própria armadilha.
Olhar para um belo rapaz.

Produção: 5 de Janeiro de 2016.

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